Entrevista concedida ao Jornal Mensageiro da Paz pelo Pastor Martim Alves

MP – Que sentimento invade seu coração em o Senhor tê-lo escolhido para no ano do centenário da IEADERN a Igreja estar sob sua direção?

Pr. Martim – O meu coração exulta de gozo e alegria por estar aqui, segundo a vontade de Deus, como pastor presidente da Igreja e da Convenção potiguar neste ano do centenário, até porque a minha vinda para cá, há seis anos, foi o cumprimento de uma promessa de Deus. Segundo a vontade do Senhor, coube a mim a realização da comemoração do centenário de nossa IEADERN, de sorte que estou muito feliz e agradecido ao Senhor. Desde a minha infância sirvo ao Senhor na Assembléia de Deus e aprouve a Deus chamar-me ao santo ministério e ter esta feliz oportunidade de celebrar com os nossos irmãos, membros e congregados, o centenário de nossa Igreja.

MP – Fale um pouco sobre a responsabilidade que sentes em liderar a Igreja potiguar.

Pr. Martim – A nossa igreja é conservadora desde os seus primórdios. Na verdade, nós temos conservado o padrão da Assembléia de Deus no Brasil. Partindo de nossos missionários em Belém (PA), passando pelos pastores presidentes que aqui lideraram, todos tiveram o cuidado em manter o padrão na mensagem evangelística, doutrinária, e a identidade da igreja formada por seus bons usos e costumes. Nós mantemos exatamente este padrão. Dou graças a Deus porque nós zelamos por estes princípios deixados por nossos pioneiros. Assim, a cada dia cresce a Assembléia de Deus no estado do Rio Grande do Norte.

MP – Quando e como aconteceu sua conversão e quais as lembranças mais fortes que o senhor tem da igreja da época?

Pr. Martim – Quando eu era criança a minha mãe aceitou a Cristo como Salvador, na cidade de Caicó, na região do Seridó, em nosso estado. Fui encaminhado por ela para a Assembléia de Deus. Como criança na denominação, naquela época não existia Departamento Infantil, tudo era muito difícil na década de 1960, não havia bancos para as crianças se sentarem, nos assentávamos no chão, encostados na parede do templo. Reuníamo-nos em um prédio alugado naquela época. Foi um tempo deveras difícil, mas cheio de alegria e fervor espiritual. Logo que cheguei a minha adolescência aconteceu a minha conversão, aos 14 anos, e em uma vigília, às 3h30 da manhã, o Senhor batizou-me no Espírito Santo. Foi uma experiência tão forte que eu não conseguia controlar-me, não falava mais português, quando abria a boca era somente línguas estranhas, e, como professor da Escola Dominical das crianças eu não conseguia ministrar o estudo naquela manhã para os meus alunos. Eu fui ao culto à noite, cantava no conjunto Estrela de Jacó, não consegui cantar por falar somente línguas estranhas. Foi uma experiência tão magnífica que as pessoas ao meu redor ficaram maravilhadas. Experimentei uma infusão gloriosa do Espírito Santo.

MP – Como aconteceu sua chegada à presidência da AD no Rio Grande do Norte? O senhor se imaginou um dia estar liderando a Igreja no estado?

Pr. Martim – Enquanto jovem eu nunca pensei em ser pastor, mas militar ou advogado. Eu ingressei no Exército Brasileiro aos 18 anos e fui transferido para o Alto Amazonas, à cidade de São Gabriel da Cachoeira, e lá, pensando em seguir carreira militar, aos 21 anos eu concorri para tornar-me sargento do Exército, mas Jesus chamou-me para o santo ministério. Dessa forma, eu dei baixa no Exército e dediquei-me inteiramente ao trabalho do Senhor Jesus. Vindo para o Rio Grande do Norte, como filho deste estado, já como evangelista, eu fui designado para a cidade de Equador, exerci o pastorado por dois anos nessa cidade; em Santana do Matos, permaneci seis anos; em Serra do Mel, um ano e assumi a igreja em Mossoró por 19 anos. Logo que fui empossado nessa cidade, em 1993, 15 dias após a minha posse, o Senhor deu-me duas revelações, dizendo que assumiria a presidência da igreja no Rio Grande do Norte. Tive que aguardar 18 anos para assumir. Eu tinha a convicção de que o Senhor havia me falado, não somente por revelações, mas por profecia também. Foi assim que vim para cá e assumi há seis anos a presidência. Posso dizer que é debaixo de muitas lutas que vem retumbantes vitórias.

MP – O que o senhor considera indispensável deixar para a próxima geração de crentes, caso Jesus, segundo nossa percepção, tarde em vir?

Pr. Martim – Entendo que enquanto pastor assembleiano, como pentecostais clássicos que somos, nós devemos legar para a próxima geração o tripé: a pregação genuína do Evangelho de Jesus Cristo, a sã doutrina e a identidade da Assembléia de Deus, que são os bons usos e costumes.

MP – O que a geração passada de crentes deixou para a geração da qual o senhor faz parte, que jamais pode deixar de ser observado?

Pr. Martim – O que a geração passada deixou de legado para a geração presente foi o exemplo de vida cristã, a dedicação a Deus e à Sua obra, além da consciência de se fazer a diferença entre o que é ser filho de Deus e o que é ser filho do mundo. Estas são características muito fortes que a geração passada deixou para a geração atual.

MP – Quais os maiores desafios da Igreja no estado e o que tem sido feito para que eles sejam superados?

Pr. Martim – Hoje nós lidamos com variados desafios inseridos nos contextos nacional e internacional nos arraiais evangélicos. Podemos verificar que outros “evangelhos” estão sendo divulgados, e eles não correspondem ao Evangelho anunciado por Cristo e nem por seus apóstolos. O que vemos são mensagens de auto ajuda, quebra de maldição hereditária, palavras de prosperidade, ou seja, são outros evangelhos, divorciados do genuíno Evangelho de Cristo, conforme deixou registrado o apóstolo Paulo em sua carta aos Gálatas. Enfrentamos em nossos dias, em nosso estado e dentro do contexto nacional esse desafio, enfrentamos pessoas que anunciam outra mensagem diferente do Evangelho. Nós divulgamos o Evangelho autêntico segundo o modelo seguido pela Igreja Primitiva. Enfrentamos outras dificuldades também. O humanismo, por exemplo, muito presente na vida das pessoas faz com que elas fiquem interessadas apenas em seu bem estar e nada mais, porém, nós sabemos que para ser cristão, tem que haver a renúncia de si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Cristo todos os dias. Esse falso “evangelho” que está sendo anunciado por aí, a filosofia humanista tão presente nesses dias, as heresias que se proliferam ininterruptamente considerando também a apostasia, são desafios que enfrentamos em nosso cotidiano, na pregação, na doutrina, na maneira de viver de cada cristão, mas, na certeza de que o Senhor está conosco, o Evangelho é capaz de transformar a pessoa em uma nova criatura, isto é, quando acontece esse processo de transformação ou novo nascimento ou ainda regeneração, como sabemos, na verdade as pessoas abraçam o Evangelho genuíno e passam a viver como novas criaturas. Mas damos graças a Deus que a Assembléia de Deus cresce diante dos desafios.