1 – Como tudo começou
A Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte – IEADERN originou-se do extraordinário movimento pentecostal que conquistou o Brasil, a partir de 1910. Nesse ano – mais exatamente em 19 de novembro – os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg desembarcaram em Belém/Pará, vindos dos EUA. Eles traziam consigo a revelação específica de Deus para uma grande obra evangelística a ser iniciada naquele Estado. A atuação desses missionários deu origem à “Missão de Fé Apostólica”, primeiro nome dado à igreja, em 1911.
O movimento de evangelização pentecostal espraiou-se pelo Norte e rumou em direção ao Nordeste do País. O Ceará foi inicialmente evangelizado por uma irmã paraense, em visita aos seus familiares. O Rio Grande do Norte e a Paraíba tiveram em um lavrador paraense – por nome Joaquim Batista de Macedo – um dos primeiros evangelizadores. Nesse contexto, em 1914, a Cidade de Fortaleza já contava com duas igrejas, totalizando uma centena de crentes.
Em 1916, alguns norte-riograndenses que haviam ido ao Pará buscar uma melhor sorte retornaram a Natal. Entre eles, Antônio Felipe Bezerra e sua esposa Luizinha, ambos recém convertidos à fé pentecostal; e o ex-presbiteriano Francisco Cézar, este alcançado pelo batismo no Espírito Santo. Todos tinham um desejo comum: evangelizar seus familiares.
Em 1917, em uma reunião de oração, na residência do citado casal, deram-se as conversões de José Domingos da Costa, Pedro Jacinto e a esposa deste último. José Domingos veio a ser o primeiro crente batizado com o Espírito Santo em terras potiguares.
Surgiram, assim, os primeiros frutos da obra pentecostal no Rio Grande do Norte.
Enquanto isto, na Cidade de Belém/PA, em 11 de janeiro de 1918, a nova igreja era oficialmente registrada com o nome “Assembléia de Deus”.
2 – O primeiro culto
Em 13 de janeiro de 1918, na casa do soldado Luiz de França (Lulu), na chamada Rua do Arame, foi realizado o primeiro culto pentecostal, em Natal, sob a liderança do irmão Francisco Cézar. Da liturgia espontânea constaram: hinos, leitura de um texto bíblico em Ap 21.21-27 e testemunhos da fé.
Na ocasião, converteram-se 6 pessoas, entre as quais o casal anfitrião. Nessa residência, passou a reunir-se um pequeno grupo de 10 irmãos, para cultuar e orar ao Senhor. Mesmo com o crescimento numérico, alí permanceram até a instalação da primeira congregação oficial da Assembléia de Deus, no ano de 1919.
3 – A implantação da Igreja
Em abril de 1918, atendendo a pedido do irmão Francisco Cézar, os Missionários Vingren e Berg enviaram para Natal um pregador eloqüente e versado nas Escrituras, por nome Adriano Nobre. Coube a esse evangelista a tarefa de implantar a Igreja, no Rio Grande do Norte.
Foi ele quem realizou, às margens do Potengi, junto à ponte de Igapó, na data de 15 de abril de 1918, o batismo em águas dos primeiros 6 crentes, em Natal; dois dias após, batizava mais duas irmãs; e, poucos dias depois, fazia um terceiro batismo, este num sítio por nome “Sumaré”, em Goianinha.
A Assembléia de Deus no RN – segundo a tradição oral – teve no evangelista Adriano Nobre, o seu primeiro pastor. O livro “História da Assembléia de Deus no Brasil”, entretanto, reserva essa primazia ao irmão José Estumano de Morais, enviado pela Igreja-Mãe (Belém/PA), em 1919.
4 – A primeira congregação oficial
Com a chegada de José Morais, o local de cultos foi transferido para a Rua América, s/n (historicamente, a primeira Congregação da Assembléia de Deus, em Natal). O novo pastor realizou algumas incursões ao interior do Estado, iniciando pelo “Sítio Moreira”, em Vila Nova, onde havia um trabalho dirigido pelo irmão José Meneses. Outras visitas se sucederam a sítios e povoados, nos quais a Palavra era pregada, quase sempre em residências particulares.
Na noite de 28 de junho de 1920, quando de sua estada em Natal em viagem para o Rio de Janeiro, o pioneiro Gunnar Vingren encontrou uma igreja com 23 membros, 8 dos quais batizados no Espírito Santo.
Em 1922, também visitaram a igreja em Natal os missionários Samuel Nyström e Nels Julius Nelson. O Pr. José Morais teve que regressar a Belém, sendo substituído pelo irmão Josino Galvão de Lima, que pastoreou a Igreja até 1923.
Ainda em 1923, assumiu o pastorado de Natal o irmão Manoel Higino de Souza (mais conhecido como Manequinho), oriundo da Cidade de Nova Cruz, o qual permanceu no cargo até dezembro do ano seguinte. Nesse período, foi adquirido um terreno na Rua Amaro Barreto, no qual foi construído um pequeno templo, inaugurado em 13 de janeiro de 1924, nos fundos do qual havia uma casa pastoral (esse imóvel foi adquirido pela quantia de 3.500 contos de réis, supostamente emprestado pelo Miss. Nyström, quando de sua visita).
5 – O contexto sócio-religioso da época
A década de 20 foi extremamente difícil para a Assembléia de Deus, em Natal. Não apenas padres católicos levantaram-se contra a obra pentecostal. Irmãos de outras denominações empreenderam perseguição à igreja emergente. Nesse contexto sócio-religioso, expressões pejorativas como “bodes” ou “capa-verde” eram tão dolorosas quanto a proibição – comum, à época – de dar-se um copo d’água ou vender-se um pão aos adeptos da nova fé.
Entretanto, a bênção de Deus estava sobre a igreja. Por essa razão e em decorrência do serviço denodado de uma verdadeira galeria de apóstolos de Cristo, a obra prosseguia, em ritmo forte e constante.
6 – Crescimento e desenvolvimento da Igreja
O modesto templo da Rua Amaro Barreto, nº 40, foi ampliado e reinaugurado no pastorado do irmão Bruno Skolimowsky, que sucedeu a Manoel Higino e permanceu no cargo até 1926.
O seu sucessor, o irmão Francisco Gonzaga, foi o primeiro a ter um longo ministério frente à Igreja, no RN. Coube a esse Servo de Deus, em seus 11 anos de pastorado local, alguns dos momentos mais significativos da vida da IEADERN.
O ano de 1930 foi um desses. Nos dias 5 a 10 de setembro, deu-se a 1º Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, com as presenças de 18 pastores e missionários, entre os quais: Pr. Lewi Pethrus (Estocolmo/Suécia); Missionários Vingren e Berg; outros missionários suecos em atuação no País; e os principais líderes nacionais.
Nessa ocasião, foi definida a ida de todos os missionários estrangeiros para o Sul/Sudeste, sendo confiada a próspera obra do Norte/Nordeste aos obreiros brasileiros; foi criado o Jornal “Mensageiro da Paz”, até hoje circulando nacionalmente; e foi, também, tratado sobre o ministério das mulheres na igreja.
Coube, ainda, ao Pr. Gonzaga a proposta de vender os imóveis da Amaro Barreto (templo e casa pastoral, em taipa) e construir um novo templo. Esse negócio foi aprovado pela igreja que decidiu instalar-se na Rua Manoel Miranda, nº 1425, até hoje endereço sede da IEADERN. A inauguração do novo templo deu-se em 24 de janeiro de 1937. Nesse mesmo ano, o Pr. Gonzaga mudou-se para a Cidade de Santos/SP, onde veio a falecer – vítima de um acidente automobilístico – em 3 de outubro de 1945.
O seu sucessor, em Natal – Pr. Clímaco Bueno Aza -, permaneceu no cargo até 1940. Apesar do grande trabalho desenvolvido por esse irmão, tanto no Norte como no Sudeste do País, não há maiores registros da obra desenvolvida pelo mesmo, no RN.
Em seu lugar, assumiu o irmão Eugênio Martins Pires, advindo de Recife/PE. A esse homem de Deus, deve-se um profícuo trabalho de expansão da igreja, especialmente no âmbito da Capital. Em seu pastorado, foi criado o trabalho de Círculos de Oração, inspirado no mesmo modelo praticado em Recife.
Coube-lhe, também, hospedar a 10º Convenção Geral das AD’s no Brasil, em 1949.
O Pr. Pires permanceu frente à Igreja até 1959, quando foi recolhido à Glória Celeste.
Interinamente, assumiu a liderança da Igreja o Missionário Eurico Bergstén, que trouxe uma nova visão pastoral e administrativa para Natal, contribuindo grandemente para a organização de setores vitais para a Igreja.
Foi o próprio irmão Eurico quem convidou o então Pastor da AD em Salvador/BA para assumir o pastorado da Igreja no RN.
7 – A marca do apóstolo: a conquista do Interior
Em 10 de janeiro de 1960, teve início o mais longo pastorado da história da IEADERN, tendo à frente o Pr. João Batista da Silva. Ao todo, foram 33 anos e 4 meses de um trabalho incansável desse “Apóstolo do Nordeste” (nome que conquistou junto à liderança nacional das AD’s, em razão da obra para a qual Deus o chamou, na Região (antes de assumir o pastorado, em Natal, o Pr. João Batista havia pastoreado: Ceará-Mirim/RN, 5 anos; João Pessoa/PB, 11 anos; e Salvador/BA, 10 anos).
Em sua gestão, Natal sediou a 21º Convenção Geral das AD’s no Brasil – chamada de “A Convenção da Paz” -, no período de 22 a 27 de janeiro de 1973. Coube-lhe, ainda, no período interconvencional desse ano, a presidência da CGADB – Convenção Geral da Assembléia de Deus no Brasl.
Na área área da educação teológica e secular, teve participação decisiva na criação da Escola Teológica das Assembléias de Deus no Nordeste – ESTEADENE (posteriormente transformada em ESTEADEB) e de uma Escola de Ensino de 1º Grau que, mais tarde, veio a receber o seu nome.
Em 5 de junho de 1983, fundou o Centro Integrado de Assistência Social (CIADE), entidade mantenedora de 2 creches e um lar para idosos, todos atualmente em atividades.
Sua ação pastoral possibilitou a expansão do número de congregações, na Capital, de cerca de 6 para 57, sua visão missionária levou a igreja além mares, enviando um primeiro missionário (Edson Alves da Silva, a Madagascar/África); seguiram-se outros para: Equador, Guatemala, Guiana Francesa e Paraguai.
Entretanto, a maior contribuição que o Pr. João Batista deu ao Estado foi a evangelização do Interior. Ao concluir sua tarefa, em todos os 153 municípios do RN havia trabalho evangelístico, apesar de alguns poucos não terem obreiro residente.
Após a morte de sua amada esposa, Maria Anita da Silva, o Pr. João Batista iniciou um lento e gradativo processo de recolhimento interior e ministerial, que culminou com a sua disposição em transferir o cargo.
Como último ato, escolheu pessoalmente o seu sucessor, na pessoa de um dos pastores do Estado e líder da Região Oeste, com sede na Cidade de Mossoró. Na noite do dia 23 de maio de 1993 – com muita dignidade – o Pr. João Batista da Silva transferiu o pastorado e recolheu-se definitivamente ao seu lar, jamais opinando sobre os destinos da Igreja, já então confiada ao Pr. João Gomes da Silva.
8 – A história recente e os desafios do futuro
Ao assumir a Presidência da IEADERN, o Pr. João Gomes da Silva anteviu, de início, 3 grandes desafios: 1º ) reestruturar e reorganizar a Igreja, na Capital, de forma a otimizar o uso do potencial humano que nela há; 2º ) desenvolver, ainda mais, a evangelização no Estado e a missão transcultural; e, 3º ) promover uma maior integração entre a Capital e o Interior. Os desafios estão sendo enfrentados e algumas das metas já foram alcançadas.
Uma nova organização eclesiática foi implantada em Natal, dentro dos princípios bíblicos e de uma visão atual de gerência de igrejas. Os princípios da descentralização e da modernização administrativa estão sendo perseguidos. A igreja começa a utilizar os recursos da informática e da integração virtual.
A aquisição da Rádio Nordeste Evangélica é um marco na evangelização local e regional. O controle pleno da Emissora passou para a Igreja em 1º de agosto de 1995, seguindo-se uma árdua e vitoriosa luta para o pagamento da mesma.
Sob a liderança do Pr. João Gomes, a AD em Natal registrou um crescimento anual superior à média nacional das AD’s. Em 1996, a Igreja expandiu seu número de congregações em 17%, através da conclusão de obras e da construção de novos templos; e elevou o número de membros da Igreja em mais de 15%. No total, o número de congregações superou ao dobro do que havia no início de sua administração.
Na missão transcultural, abriu novas frentes em Portugal e Venezuela; além de manter as que já detinha em outros três países: Equador, Guiana Francesa e Paraguai (desse projeto participam as Igrejas Filiadas em Mossoró e Parnamirim). Ademais, novos missionários estão em fase de preparação e seleção para outros países, nos três continentes. A atualização e a capacitação de obreiros foi estimulada, através da oferta de cursos teológicos e seculares.
Na noite de (sábado), 22 de agosto de 1998, quando se dirigia à cidade de Goianinha, nos limites do Município de Parnamirim, vítima de acidente automobilístico, passou a estar para sempre com o Senhor, o Pastor João Gomes da Silva, após 5 anos e 3 meses, pastoreando a IEADERN.
Assumiu interinamente a Direção da IEADERN o Pr. Edmar Rosa Gomes, tendo conduzido todo o processo de sucessão do Pr. João Gomes da Silva.
A CEMADERN – Convenção Estadual de Ministros da Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte foi convocada, extrordinariamente, para eleger o novo Pastor-Presidente da IEADERN. A eleição realizou-se no dia 20 de outubro de 1998, no Templo Sede da IEADERN, em NATAL. Concorreram à Presidência os Pastores: Josué Macário de Morais (Pendências); Francisco Raimundo da Silva (Macau); Raimundo João de Santana (Parnamirim); e José Gilson de Oliveira (Natal). Dos 200 Convencionais (Pastores e Evangelistas) presentes, 124 votaram no Pr. Raimundo João de Santana. Foi convocada uma Assembléia Geral Extraordinária para o dia 27 de novembro de 1998, quando foi apresentado o nome do Pr. Raimundo João de Santana, como Pastor-Presidente da IEADERN tendo o mesmo sido aprovado por unanimidade. A posse do Pastor-Presidente eleito foi marcada para o dia 03 de janeiro de 1999.
Na noite de domingo, 03 de janeiro de 1999, após pastorear o Rebanho de Deus na Cidade de Parnamirim por 27 anos, o Pr. Raimundo João de Santana assumiu a Direção da Igreja de Jesus Cristo no Estado do Rio Grande do Norte.