Pr. Antonio Gilberto
O escritor inspirado começa sua apresentação do fruto do Espírito com o amor. “O fruto do Espírito é: amor” (Gl 5.22). Tinha de ser o primeiro, pois nenhum dos outros frutos é possível sem o amor.
O amor, em seu conceito mais sublime, é personificado em Deus. A melhor e mais curta definição do amor é Deus, pois Deus é amor. O amor de Deus foi revelado à humanidade por seu Filho Jesus Cristo: “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). “Como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1).
A quem Jesus tanto amou que voluntariamente deu a própria vida por eles? Indivíduos perfeitos? Não! Um dos discípulos negou a Jesus; outro duvidou dEle; três que compunham o grupo de discípulos mais próximos dormiram enquanto Ele agonizava no jardim do Getsêmani. Dois desses três desejaram elevadas posições no seu Reino. Um se tornou traidor. E quando Jesus ressuscitou, alguns não creram. Porém, Jesus não deixou de amá-los – e os amou até o fim – até à plena extensão do seu amor. Ele foi abandonado, traído, desapontado e rejeitado; contudo, amou!
Jesus quer que amemos as pessoas como Ele nos ama. “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15.12). Isto nunca seria possível pelo amor humano limitado. Mas à medida que o Espírito Santo desenvolve a semelhança de Cristo em nós, aprendemos a amar como Ele amou.
Amor é a dimensão escolhida do fruto espiritual! Jesus não deixou dúvida sobre isso quando disse aos discípulos: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.34,35).
Sobre que tipo de amor Jesus estava falando? Há pelo menos três tipos de amor que consideraremos resumidamente.
Amor ágape. A palavra ágape é grega e significa “amor abnegado; amor profundo e constante”, como o amor de Deus pela humanidade. Este amor divino é mencionado em João 3.16. Este amor perfeito e inigualável abrange nossa mente, nossas emoções, nossos sentimentos, nosso pensamento – todo o nosso ser. Este é o tipo de amor que o Espírito Santo quer manifestar em nossa vida quando nos entregamos inteiramente a Deus. É um amor que nos leva a amá-lo e obedecer à sua Palavra. Este amor abençoado flui de Deus para nós e retorna de nosso coração para Ele em louvor, obediência, adoração e serviço fiel. “É o tipo de amor que Jesus demonstrou a cada passo do caminho, da manjedoura à cruz.”. É o amor ágape, o amor descrito em I Coríntios 13.
Amor philia (fraternal). Este amor é amizade, um amor humano que é limitado. Amamos se somos amados. “Se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam” (Lc 6.32). A bondade ou amizade fraterna é essencial nas relações humanas, mas é inferior ao amor ágape, porque depende de uma relação recíproca; quer dizer, somos amigáveis e amorosos com aqueles que são amigáveis e amorosos conosco.
Amor eros (físico). Há outro aspecto do amor humano, o qual não é mencionado na Bíblia, mas está fortemente incluso: eros. Este é o amor físico que emana dos sentidos naturais, instintivos e paixões. Trata-se de um aspecto importante do amor entre marido e mulher. Mas pelo fato de estar baseado no que a pessoa vê e sente, o amor eros pode ser egoísta, temporário e superficial. Em seu aspecto negativo, se torna concupiscência. Este é um tipo de amor inferior, porque é mal-usado com muita frequência.
O maior deste é o amor ágape – o amor divino de Deus, que foi manifestado na vida de Jesus.