Pr. Antonio Gilberto
“E é o que alguns de vós têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito de nosso Deus.”
O nosso termo “justificação” vem de duas palavras latinas: justus + facere = tornar justos. Biblicamente, justificar é Deus declarar alguém justo segundo o seu conceito de justiça.
A justificação é um ato soberano de Deus, pelo qual Ele, por causa da nossa fé evangélica depositada em Jesus Cristo nos declara justos no sentido bíblico; isto é, como se nunca tivéssemos pecado; isentos de qualquer culpa diante de Deus. Na nossa justificação, Deus nos declara justos conforme o seu conceito de justificação; não segundo o conceito humano.
A justificação do pecador efetuada por Deus não é um processo como a santificação subjetiva do crente, mas um ato.
Antes de esboçarmos a grandiosa doutrina da justificação, vejamos primeiramente algo sobre a justiça segundo a Bíblia; isso em relação ao pecado e ao pecador. Um livro da Bíblia altamente rico desse assunto é Romanos. Vejamos alguns termos que expressam princípios dessa justiça.
“Justiça de Deus” (Rm 1.17; 3.21; 10.3) – É o tipo de justiça que Deus proveu para justificar e salvar o pecador, e que este, depois de salvo mantenha comunhão com Ele. Tal justiça decorre da fé em Cristo, como veremos no desdobramento deste assunto. Noutras palavras: esta “justiça de Deus” é Cristo mesmo feito justiça de Deus por nós (I Co 1.30; 2 Co 5.21; Fp 3.9). O Evangelho revela e provê essa justiça de Deus em contraste com a Lei, que exigia justiça do homem para com Deus.
Este é o monumental tema da Epístola aos Romanos: Como o homem pode ser justo para com Deus? E, graças a Deus, no mesmo livro temos a resposta cabal.
Antes da morte vicária e redentora de Jesus, a justiça de Deus requeria a condenação do pecador. Após a morte vicária de Jesus como o Cordeiro de Deus, a justiça de Deus assegura a justificação do pecador penitente. “Justificado!” – é o veredito divino para todo pecador que aceita a Jesus como seu Salvador.
Respondida está por Deus a pergunta de Jó, que durante os milênios da história ficou sem resposta: “Como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó 9.2). E esta pergunta continua reiterada no livro de Jó (15.14; 25.4). Agora, na época da graça de Deus, a pergunta é invertida. “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8.33).
Justiça é excelência moral no homem interior; no caráter; retidão é excelência moral externa; na conduta; na vida.
“Justiça da fé” (Rm 3.22; 5.1) – a justiça da fé requer somente fé em Deus, demonstrada no arrependimento, na confissão dos pecados e na rendição incondicional a Deus, o qual mediante o Espírito Santo imputa ao homem a justiça de Cristo (I Co 1.30; 2 Co 5.21) e liberta o homem da lei do pecado (Rm 8.2). Não se trata de libertar do pecado, mas da lei do pecado.
“Justiça da fé” (Rm 10.5; Dt 6.25; Ez 20.11) – A Lei demandava obediência perfeita do homem a Deus. Ninguém pôde jamais assim fazer, e o mundo todo ficou sob condenação (Dt 27.26; Gl 3.10-13; Rm 3.10-12). “A alma que pecar, essa morrerá”, é o veredito da Lei divina (Ez 18.4,20). A maldição da raça humana proveniente da quebra universal da Lei, Cristo levou sobre Si por amor, quando morreu em nosso lugar (Gl 3.10-13; Rm 5.7.8; Is 53.5,6).
Lembremo-nos que o pecado é a transgressão da lei divina, e que justificação é um termo forense vinculado a condenação.
A origem da nossa justificação: aa graça de Deus (Rm 3.24; Tt 2.11; 3.7).
A base da nossa justificação: O sangue de Jesus, o Filho unigênito de Deus (Rm 5.9; 3.25; cf. Lv 17.11).
O meio da nossa justificação: A fé em Cristo (Rm 5.1; 3.25; Gl 3.8 cf Ef 2.8; At 16.31).
A confirmação da nossa justificação: A ressurreição de Jesus (Rm 4.25; 5.18b).
A evidência perante o homem, da nossa justificação: As nossas boas obras (Tg 2.20-24). Boas obras porque somos salvos, e não para sermos salvos.
A justificação é necessária e imprescindível por causa da culpa e condenação do pecado que pesa sobre todo o mundo (Rm 3.19). É necessária porque ninguém é justo em si mesmo (Is 64.6). É necessária porque a ira justa e santa de Deus paira sobre o pecador (Jo 3.36; Ef 2.3).
Quem está justificado, seus pecados foram todos perdoados (At 13.38,39). Não há qualquer acusação contra aquele a quem Deus justificou (Rm 8.33,34). Houve uma completa restauração do transgressor (Lc 15.21-24).
Portanto, são candidatos a justificação os que, mediante o Evangelho, se chegam a Deus, confessando os seus pecados, e abandonando-os (Is 1.18). Os que se chegam a Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, confessando os seus pecados (Sl 32.5). E os que aceitam a Jesus Cristo como seu Salvador (Rm 8.1).